quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sobre Setembro.Doc

Ainda não se foi aquele sentimento.
Lembro-me como se fosse ontem; como se fosse a minutos atrás, pra ser sincera, quando suas palavras de adeus vieram ao meu encontro.
Foi um choque.
Experimente tomar um banho quente, e depois sair só de toalha, na Polônia, em tempos de inverno. Me senti assim, mesmo nem sabendo como é o inverno na Polônia.
E então, eu nao consegui agir como se nada tivesse acontecido, ou como se não fizesse diferença pra mim você ir, ou ficar.
Não era algo comum. Não era como brincar de adivinhar.
Particularmente, eu nunca gostei de brincar de adivinhar, e fica pior ainda quando você tem que adivinhar a razão de estar perdendo alguém. Como eu perdi você.
Pergunto a você, qual seria sua reação? Você sabe como é pensar que pode perder alguém que gosta? Aterrorizante, não? Eu sei bem como é, já senti isso também. Mas sabe de uma coisa? Esse terror todo não chega nem perto do que você sente quando chega a perder.
Pensar que pode perder é ruim, perder, é pior ainda.
Mas eu sei que depois disso, para mim, todos os dias nasceram cinzas, e tudo mais que era colorido perdeu sua cor. Todas as cores se tornaram cinza. Tudo mais virou apenas dor.
Todos os olhares estavam tristes, e as bocas estavam secas e sem sorriso. Nenhum sinal de alegria. Nenhum sinal. Apenas a dor. E o frio.
O frio do inverno, que adentrava pela porta. Aquela porta que você largou aberta ao sair.
O frio preencheu o espaço vazio. O seu espaço, que ficou vazio.
E, essa sensação me acompanha até hoje.
Por que sinto esse frio até hoje?
Não estamos mais em setembro.
Ainda carrego comigo aquele sentimento de perda, aquele vazio.
Mas não estamos mais em setembro.
A sensação que ainda me segue. A dor que mora ao lado. A dor que mora aqui, se alojou aqui dentro. Aqui dentro de mim.
E você, que sabe voar. Que sempre soube voar. Que nunca deixou de voar. Já encontrou o seu lugar? É melhor por ai? Tudo é melhor sem mim?
Você ainda sabe aonde me encontrar? Ainda quer me encontrar?
Eu continuo aqui.
Eu não deixei de te amar.
Continuo no mesmo lugar, mesmo que ainda não estejamos mais em setembro. 

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