segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Parte 1 - Sobre Edu.

Quando eu era criança, eu costumava ler muito. Eu adorava histórias, verdadeiras ou não. Sempre estava pronto pra ouvir e contar uma boa história.
Com uns dezessete anos, comecei a ler, obrigatoriamente, livros de literatura brasileira. Particularmente eu não gostava muito. Eram confusos, com uma linguagem bem diferente, e toda leitura obrigatória é uma leitura desagradável.

Um dos livros que li foi de Machado de Assis. Era o escritor que eu mais detestava, devido à forma dele escrever seus livros. Pelo menos os que eu li, os acontecimentos não tinham ordem cronológica.  No primeiro livro, ele começava contando sua historia pelo final. No segundo livro, os acontecimentos eram todos bagunçados. Parecia que ele ia tendo idéias e escrevendo, de qualquer jeito. Mas quem sou eu pra criticar Machado de Assis?


Pois bem, esqueci de me apresentar, mas aproveitando esse momento, vamos falar do Edu.
Edu é um cara simpático, bonito, engraçado. Mentira, ele não é tudo isso. É só metade.
Mas sim, ele é simpático, engraçado, piadista. Alguns dizem que ele é bonito, mas... Isso depende de quem vê. 
Ele é assim... Um cara mediano, braços fortes cobertos por tatuagens, moreno e de olhos claros.  Não é um Brad Pitt, mas... Não é de se jogar fora.
Haha' Eu esse cara! Me chamo Eduardo. Carlos Eduardo. Com trinta anos, descobri que tinha câncer no pulmão, fumei desde os doze anos, sempre soube dos riscos, e não fiquei tão surpreso assim quando soube de minha doença. Estando aqui (nesse maldito hospital), sem nada pra fazer, gosto de inventar histórias. Costumo dizer que tudo aquilo que invento fez parte do meu passado, mesmo que não tenha sido real. Nem sempre as escrevo, às vezes eu não tenho tempo. Mas essa historia que vou lhe contar agora, merece qualquer parte do meu tempo para ser partilhada.



E voltando a falar de Machado de Assis, critiquei muito seu trabalho, enquanto era apenas um leitor desgostoso por ter que ler suas obras de uma maneira obrigatória, mas agora, vou fazer o mesmo que ele: vou começar a minha historia pelo final.

Entre minhas idas e vindas do hospital, eu sempre via minha vida como um filme, você realmente começa a pensar em tudo o que te aconteceu durante sua vida toda quando descobre que tem uma doença terminal. Tenho vários momentos como capítulos preferidos, mas o escolhido pra contar é o maior período, e talvez seja o mais doloroso. 

Mas agora vou começar a contar.

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